Correr descalço pode reduzir risco de lesão no joelho?

Apesar dos calçados esportivos serem anunciados com tecnologias avançadas de amortecimento para os aficionados por corrida de rua, a incidência de lesões nas articulações ainda é bastante considerável. Baseados nesse contexto, alguns estudos recentes mostram que a corrida com pés descalços poderia ser uma estratégia para minimizar esses danos.

Uma pesquisa do Laboratório de Biomecânica da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP explica melhor essa dicotomia: correr descalço realmente pode ser benéfico, mas desde que a prática seja introduzida aos treinos progressivamente. Há uma redução no impacto recebido pelo corpo e diminui a possibilidade de lesões em joelhos e quadris.

Ana Paula da Silva Azevedo, educadora física e autora do estudo, explica que a ideia não é incentivar as pessoas a correrem sem proteção, mas trazer evidências de que correr descalço possa exercer influência positiva sobre o controle de choque mecânico e na ativação muscular do corpo.

Além disso, reforça a pesquisadora, “o novo hábito não deve ser feito de forma abrupta; as alterações devem ser graduadas e levando em conta o volume e a intensidade da corrida”, diz.

A pesquisadora explica que, durante o exercício físico, o impacto que o corpo sofre é diferente quando se está calçado ou descalço. Com o tênis, o primeiro contato dos pés com o solo é o calcanhar, enquanto que após a adaptação descalça, são as pontas dos pés que tocam o solo primeiro. “Isso altera o padrão de movimento do corpo e influencia o impacto”, diz. Porém, Ana Paula faz um alerta quanto à migração das lesões: ao adotar a estratégia de correr descalço, há uma redução do esforço na articulação do quadril e do joelho, mas, em compensação, os músculos e as estruturas dos tornozelos e dos pés serão bem mais exigidos na atividade, diz.

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Segunda a pesquisadora, precisaria de mais estudos a longo prazo para avaliar melhor as vantagens da introdução de treinos descalços nas corridas. Em sua pesquisa, foi possível apenas garantir que correr descalço poderia ser uma estratégia a ser utilizada pelos educadores físicos para melhorar o controle da carga e do choque mecânico durante a corrida. A tese Biomecânica da corrida: considerações acerca das adaptações dinâmicas e eletromiográficas desencadeadas pelo pé descalço e pelo uso do calçado minimalista foi orientada pelo professor Julio Cerca Serrão, da Escola de Educação Física e Esporte da USP.

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