Onde fica a Djalma Dutra em Paris? #CoronaVirus (Parte 4)

‘Oia nois aqui travez!”. Eu cheguei a pensar que essa quarentena, isolamento, distanciamento ou seja lá como você se sinta mais confortável em chamar essa “prisão domiciliar”, seria entediante e uma bela oportunidade para a preguiça e comilança.

Tudo ilusão! Essa semana foi bem cheia dos afazeres domésticos, trabalhos e probleminhas que surgem e – no meu caso aqui em Paris – você se pergunta onde fica a rua Djalma Dutra daqui*

Fui inventar de faxinar geral, revirar os cantos e, principalmente, lavar o banheiro. Sou virginiano, me julgue! Eis que no finalzinho, colocando a tal da ducha italiana no lugar, aquela mangueira flexível quebrou. Água pra todo lado do box, exceto no chuveiro. Iniciaríamos a partir dali uma série de banhos de mangueira, visto que, sabe Deus quando Macron irá nos libertar.

Saímos em busca de um supermercado que vendesse esse diabo e achamos! Por aqui tem uns mercados que são shoppings com mil tipos de cebolas, queijos, temperinhos até mangueira flexível de ducha ou “flexible de douche”. É na dor que a gente aprende, até o francês. Óbvio que não saí desse mercado somente com esse produto 💲💲💲💲

Leia: Confinados em Paris #CoronaVirus (Parte 1)

Enfim, chegamos em casa e fui cuidar de colocar a tal mangueira, fazer jantar e ficar acordado até às 7 horas da manhã. Isso mesmo meus amigos, a saga de adaptação never ends continua. Eu ainda não consegui regular o relógio, ainda estou no horário de Brasília.

Acordo na hora do almoço para tomar café e só janto mais tarde, algo leve, pra depois tentar dormir. Pulo de lanche em lanche, jornal e filme na TV, daí a cabeça ferve com pensamentos. Eu choro, fico empolgado, esperançoso, tomo um banho, eu cochilo e tenho pesadelos, deito de novo e sonho com todas as pessoas ao mesmo tempo e acordo exausto.

Esse é um efeito inesperado da quarentena: o cansaço físico em detrimento da mente que não descansa de verdade, independente do que você tenha feito durante o dia. Não vou aconselhar que você deixe de ver o noticiário, eu tentei isso e não funciona! A propósito hoje é o dia do jornalista (07/04), parabéns para mim.

Uma hora ou outra você vai enfrentar processos dentro do isolamento e meu conselho é que você se prepare para lidar com eles. Minha preocupação só cresce a respeito do Brasil, pela forma como a Rainha Louca vem conduzindo o país.

E não importa o quão ignorante você seja, se considere ou queira ser a respeito de política ou outro tema qualquer, os pensamentos são involuntários e sobre isso ou aquilo ele vai te perseguir pelos cômodos, vai te cutucar no ombro, quando você menos esperar, e te fazer ter aquele papinho “cabeça” e solitário com ele.

Amigos, fora as atividades do dia-dia, os pequenos contratempos e entre o não dormir direito e comer, fica somente a nossa mente como companhia. Claro que dividir o dia com alguém que você ama muda tudo em alguma proporção, mas não completamente.

Por fim, Paris segue linda nessa porr*, eu sigo descobrindo como lidar com tudo e fazendo deste espaço uma espécie de terapia. Marco está no sofá e eu vou fazer algo para jantar, são 17h30 aqui e 12h30 no Brasil. Procurem o que fazer pra passar o tempo, lide com os pensamentos, lavem as mãos e evitem sair de casa!

à bientôt.

*Djalma Dutra é uma rua do bairro de Nazaré, em Salvador, famosa pelo comércio de materiais elétricos, hidráulicos e de construção em geral.