A Parede Viva #CoronaVirus (Parte 3)

Não me cobrem periodicidade em tempos de confinamento! Dito isso, quero começar esse texto fazendo um mini flashback, antes de contar como foi ir a rua depois de quase uma semana sem por a cara nem mesmo no corredor do nosso andar.

Há alguns anos eu estava desempregado e por isso – além de outros motivos que conto numa outra oportunidade – tive de me mudar. Saí de um apartamento super legal para um num subsolo, cuja a única janela dava para uma escada. Fiquei sentado olhando os degraus até que resolvi ir ao antigo Bompreço Walmart do IAPI e comprei aquelas plantinhas de flores coloridas.

Sim! Elas sobrevivem por muito tempo se você souber cuidar. Enfim, estava feita a minha “vista” para um “jardim”.

Voltando para Paris – OMG! Do IAPI para Paris. Ufa! – Acordei, como nos dias anteriores deste confinamento, sem a menor vontade de ver a rua lá fora. Senhores psicólogos, corram aqui! Nesse apê, de um edifício de 34 andares, temos uma vista pouco privilégiada, na verdade para uma parede viva ou nem tão viva assim.

Deixa eu explicar: quando chegamos à Paris era final de inverno e as estações do ano por aqui são bem rigorosas. Eis que a tal parede, que no começo me parecia a antiga escada do ‘apertamento” do IAPI, começou a esverdear. Estamos na primavera por aqui e – mesmo que Vanessa* piada interna duvide – essa é a minha época preferida do ano.

Pois essa preferência fez todo os sentido aqui na França. Vi o verdinho aparecendo, o sol e o céu limpinho: “Mô eu quero ir na rua A-G-O-R-A”. Tomei um banho – tomo banho todos os dias aqui também, viu Vanessa?! – e fomos pra RUA. Acredite em mim não, acredite em Deus, mas nem as lentes transitions do meu óculos foram capazes de impedir o sol de ofuscar meus olhos.

Me senti como um animal de estimação saindo pra passear. Claro que em tempos de #Covid19, ao menos aqui na França, precisamos preencher um documento e justificar nossa saída, caso a polícia local lhe pare por aí.

Eu por acaso comentei que estou escrevendo isso aqui às 5h05 da manhã horário daqui? Compartilhem!

Olhar a rua, diferente da última vez, cheia de verde, sol e algumas pessoas caminhando. Eu respirei fundo, disse a marido que “as pessoas não olharão mais pro mundo do mesmo jeito, depois dessa pandemia”. E espero que não olhem mais para elas e nem para os outros do mesmo jeito. Olhem para tudo de um jeito bondosamente diferente. Eu já disse que sou o jornalista e ele é o filósofo, né? D’accord!

Fomos ao supermercado, compramos vinho, andamos muito e tirei poucas fotos. Sou péssimo para fotos quando tudo ao redor me chama a atenção. Paris é linda! E está tudo lá fora nos esperando, talvez melhor que antes… Respeitem o isolamento social, não ouçam o presidente do Brasil e esperem, pois o mundo está(rá) de braços abertos.

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As árvores começam a ter folhas novas e as flores se abrem. Apesar de tudo, a primavera chegou! O clima está ameno e gostoso. Saindo, sob justificativa permitida do governo francês, tivemos mais uma tarde gostosa e andar por 1km me faz crer ainda mais no quanto #Paris é linda! É sim! E toda minha preocupação e saudades está no #Brasil, triste país desgovernado… Aqui estamos bem, confiantes e felizes pela decisão que tomamos de vir. A cada esquina quero tirar mil fotos, mas quero ver tudo ao mesmo tempo e acabo esquecendo rs! Aos meus amigos, beijos! Cuidem-se! Por aqui as flores estão lindas 🌺👬💜🇫🇷💋 ↪️ 📸Mô

A post shared by RAFAEL DOS ANJOS 🇧🇷🇫🇷 (@rafaeldosanjosoliveira) on Mar 25, 2020 at 2:41pm PDT

Amigos, sabem aquela história de Cidade Luz e o escambau? Eu ainda não vi um poste acesa. Sabe Deus porque eu só saio/saí de dia, MAS Paris é linda, cada esquina é linda e eu estou feliz de estar aqui. Fiquem felizes aonde estiverem e se cuidem também.

à bientôt.

*Vanessa Liberato é uma das minhas melhores amigas

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